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IPCA-15: supermercado e mercado divergem sobre queda de juros já
Setor produtivo acha que desaceleração da inflação continuará, mas setor financeiro alerta para pressão dos serviços no IPCA-15
O IPCA-15 de outubro, espécie de prévia da inflação oficial do mês, avançou 0,18%, abaixo da projeção média do mercado, que era de 0,25%. No ano, o índice de preços acumula alta de 3,94% e, nos últimos 12 meses, a variação foi de 4,94%, abaixo dos 5,32% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em outubro de 2024, a taxa havia sido de 0,54%.
“No acumulado em 12 meses, é a primeira vez nesse ano que a inflação está abaixo da casa dos 5%, e a nossa expectativa é que encerre o ano um pouco acima do limite de 4,5%”, destaca Felipe Queiroz, economista-chefe da Associação Paulista de Supermercados (Apas).
Ele acrescenta que o IPCA-15 de outubro aponta para uma desaceleração na inflação. Entre os itens que contribuíram com a alta estão as passagens aéreas, os combustíveis e a energia elétrica.
“Por outro lado, a alimentação em domicílio tem contribuído muito para esse processo de desaceleração da inflação. Tendo em vista a importância que a alimentação possui no orçamento familiar, especialmente das famílias de menor renda, o resultado de outubro é bastante animador por conta da queda de produtos essenciais como o arroz, o leite, os ovos e a cebola”, salienta Queiroz.
Mercado confirma desaceleração do IPCA-15 em outubro, mas pede cautela com juros
O entendimento de Pablo Spyer, conselheiro da Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord), vai na mesma direção: “A prévia da inflação de outubro confirmou o movimento de desaceleração esperado pelo mercado. O resultado veio abaixo do previsto e é o mais baixo para o mês desde 2022.”
“A queda dos preços de alimentos e bebidas pelo quinto mês também contribuiu. Por outro lado, serviços e passagens aéreas voltaram a pressionar, mostrando que ainda há componentes voláteis que exigem atenção”, analisa Spyer.
Para Felipe Queiroz, abre-se um espaço, a médio e longo prazos, para a redução da taxa básica de juros. “Ontem [23] mesmo, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, havia anunciado que a autoridade monetária, o Comitê de Política Monetária, muito provavelmente não iniciaria o ciclo de redução porque ele se diz muito preocupado. Mas hoje, o que nós estamos observando é que temos uma taxa de juros na casa de 15% enquanto a inflação, mês após mês, tem apresentado reduções e desaceleração significativa.”
Por outro lado, Pablo Spyer ainda vê um ambiente macroeconômico desafiador, mas o dado do IPCA-15 de outubro “reforça a tendência de desaceleração gradual da inflação. Para os investidores, o quadro aponta para um cenário de juros altos por mais tempo, até que a desinflação se consolide de maneira sustentável.”
“A inflação segue em trajetória de moderação, mas a composição dos preços ainda preocupa, especialmente pela pressão dos serviços subjacentes e dos itens intensivos em mão de obra. Isso reforça a leitura de que o combate à inflação deve continuar de forma prudente, sem relaxar prematuramente as condições monetárias”, explica o conselheiro da Ancord.
Dados do IPCA-15 reforçam que BC já pode baixar juros, diz economista da Apas
O economista-chefe da Apas enxerga de maneira diferente. “A expectativa é de que a inflação mantenha a mesma tendência nos próximos meses, motivada por alguns fatores. Primeiro, nós temos uma safra recorde de grãos, o que deve contribuir com a queda de itens básicos da cesta dos consumidores.”
“Segundo ponto, a nossa taxa de câmbio. Durante o último bimestre do ano de 2024, nós tivemos uma forte alta na taxa de câmbio, que bateu na casa de R$ 6,50. O cenário é bastante diferente no final deste ano e isso deve contribuir sim para o controle inflacionário. Acreditamos que o final de ano tende a ser muito melhor para os consumidores, tendo em vista que o poder de compra não será tão afetado como no último ano”, afirma Queiroz.
“O que nós temos hoje com essa taxa de juros é um forte freio de mão na economia, aumento do custo do crédito, o retardamento dos investimentos e uma forte desaceleração. Os dados de inflação corroboram o entendimento de que o Banco Central já poderia sim reduzir a sua taxa de juros sem prejudicar o controle inflacionário e sem prejudicar também a atividade da economia brasileira”, finaliza o economista-chefe da Apas.