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IFRS e os seus benefícios
O que tem acontecido é uma adaptação das normas internacionais para os princípios locais, e não uma adoção pura e simples
Implantadas pelo International Accounting Standards Committee (IASC), no  início da primeira década do Século 21, como possível solução para a  padronização da contabilidade no mundo globalizado, as IFRS  (International Financial Reporting Standards) estão muito distantes da  unanimidade. Quem pensa que o IASC tem poucos anos de atuação no  mercado, está completamente enganado. Ele foi criado em 1973 por órgãos  contábeis de dez países – Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos,  França, Holanda, Irlanda, Japão, México e Reino Unido – com o objetivo  de ter, de forma independente, um novo padrão contábil internacional.
Cada  dia, as IFRS vão se ajustando ao mercado. Atualmente, já temos oito  atualizações, que passam pelo processo inicial de adoção das Normas  Internacionais de Contabilidade, Pagamentos Baseados em ações,  combinações de empresas, contratos de seguros, ativos não circulantes  mantidos para venda e operações descontinuadas, exploração e avaliação  de recursos minerais, instrumentos financeiros e, por último, segmentos  operacionais.
Distintos indicadores, estudos e especialistas  atestam essa realidade. É o caso de Andrea Cilloni, professor da  Universidade de Parma/Itália, convidado para proferirpalestra sobre o  tema na Trevisan Escola de Negócios, onde afirmou que as novas normas  internacionais de contabilidade são adotadas por apenas 20% das empresas  europeias. Motivo: sua relação custo-benefício não é boa para as  pequenas emédias empresas as quais entendem como um "custo  desnecessário".
De fato, o padrão internacional deve ser aplicado  apenas se o objetivo for reduzir o custo de capital para o investidor, o  que se aplica em geral às grandes empresas de capital aberto. O que tem  acontecido é uma adaptação das normas internacionais para os princípios  locais, e não uma adoção pura e simples.
Toda essa questão  também está permeada por fortes influências políticas, que afetam a sua  aplicação, em detrimento de conceitos estritamente técnicos. Tudo está  relacionado à disputa de poder entre Europa e Estados Unidos, muito mais  do que exatamente a um padrão de excelência técnica dos princípios  contábeis.
Essafalta de unanimidade global, reforçada pelo fato  de norte-americanos e japoneses não terem adotado as normas, parece  manifestar-se também no Brasil, onde o padrão internacional de  contabilidade ainda não atingiu o propósito de facilitar a comparação  entre empresas de diferentes nacionalidades.
O estudo,  apresentado pelo Instituto Brasileiro de Relações com Investidores  (Ibri) e realizado com grandes empresas com ações na Bolsa de Valores,  mostra que somente 24% dos profissionais de relações com investidores  acreditam que as demonstrações financeiras ficaram mais facilmente  comparáveis entre os países, competidores e indústrias a partir da  adoção das IFRS. Sessenta opor cento não têm opinião sobre o assunto e  16% não acreditam que a comparação ficou mais fácil. Cerca de 40% das  empresas responderam que ainda é cedo para avaliar se a adoção das  normas melhorou o acesso a linhas de crédito internacional, aumentou a  geração de negócios ou reduziu o custo de capital. Contudo, 58% dos  profissionais entrevistados enfatizaram a ampliação da transparência nas  demonstrações financeiras comofator positivo percebido pelo mercado.
Como  se percebe, o tema ainda é bastante controverso. Está muito claro que  aindahaverá de se percorrer um longo caminho para a padronização de  normas mundiais da contabilidade. Até lá, faça sempre a conta certa,  tendo como premissas aconsciência de que a boa contabilidade e a  atualização de seus profissionais são o grande alicerce de empresas  saudáveis e o parâmetro ético para a gestão das organizações públicas e  privadas.