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Carga tributária continua alta para pequena empresa
Há pequenas, médias e microempresas, dependendo de sua área de atuação, que chegam a empenhar até metade de seu faturamento somente para pagar impostos
Foi importante a recente medida anunciada pela presidente Dilma  Rousseff, atualizando os limites de faturamento para efeito de  caracterização das pequenas e microempresas no Simples Nacional. A  decisão evitará que numerosas dessas firmas continuem pagando impostos e  enfrentando trâmites burocráticos como se fossem grandes. No entanto, o  ajuste de R$ 36 mil para R$ 60 mil do teto da receita bruta anual do  empregador individual, de R$ 240 mil para R$ 360 mil para a micro e de  R$ 2,4 milhões para R$ 3,6 milhões para apequena empresa, elevação de  50%, significa basicamente a correção de uma defasagem de muitos anos.
Também  é pertinente o parcelamento da dívida tributária, em até 60 parcelas,  para os empreendedores que estão enquadrados no Simples Nacional,assim  como a suspensão da exigência de declaração anual, que será consolidada  pela própria Receita Federal a partir do movimento mensal. Espera-se,  ainda, que termine com êxito a negociação do governo e dos parlamentares  para que micro e pequenas empresas possam exportar, em valores  equivalentes aos das suas vendas no mercado interno, sem serem excluídas  do Simples.
Não há dúvida de que esse conjunto de medidas é  benéfico e contribuirá para estimular número significativo de empresas.  No entanto, um dos mais graves problemas enfrentados pela pequenas e  micro continua afligindo esse segmento. Trata-se da pesada carga  tributária brasileira, inimiga da competitividade da economia nacional.
Há  pequenas, médias e microempresas, dependendo de sua área de atuação,  que chegam a empenhar até metade de seu faturamento somente para pagar  impostos. Esta cruenta realidade é demonstrada em estudo da auditoria  BDO RCS. A pesquisa constatou que 69,8%, num universo de 150 firmas  entrevistadas, gastam pelo menos 20% de sua receita apenas com  orecolhimento de tributos. Esse custo – pasmem – pode chegar a 27,9% do  faturamento até mesmo para optantes pelo regime de tributação inerente  ao Simples Nacional.
Imaginemos uma empresa que recolha 20% de  tudo o que ganha em impostos. Dos restantes 80%, tem de bancar seu  custeio (energia, telefone, internet, água, aluguel ou amortização de  imóvel próprio), insumos e salários dos colaboradores. O que resta de  lucro para o empreendedor? A resposta está na estatística: a mortalidade  dessas organizações nos primeiros cinco aniversários continua muito  elevada, em torno de 58%. Todo ano, cerca de 85 mil fecham as portas.
Por  isso, é fundamental rever de modo mais profundo o regime tributário da  pequena e da microempresa. Também são necessárias medidas como a  desburocratização no acesso ao financiamento, diminuição das exigências  de grandes compradores para fomento e garantias de crédito para compra  de ativos que possam agregar inovação tecnológica a produtos e serviços e  participação maior do segmento nas compras do setor público. Como se  observa, não basta atualizar os tetos do Simples.
Juan Quirós  é presidente do Grupo Advento e vice da FIESP (Federação das Indústrias  do Estado de São Paulo) e da ABDIB (Associação Brasileira da  Infraestrutura e Indústrias de Base).